Desmatamento na Amazônia cresce 70% e bate terceiro recorde seguido da década

 Desmatamento na Amazônia cresce 70% e bate terceiro recorde seguido da década

O catastrófico indicador é quase o dobro dos 660 km² devastados no ano passado, superando ainda os registros de março e abril deste ano. (Mayke Toscano/Reprodução)

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Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Um levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) publicado nesta quarta-feira, 16, expõe o avanço do desmatamento sobre 1.125 km² da Amazônia Legal durante o mês de maio deste ano, área superior ao território de Belém, capital do Estado do Pará, que liderou o ranking de devastação.

O crescimento, quando comparado com o registro feito no mesmo período de 2020, é de 70%, representando o terceiro recorde seguido de destruição do bioma amazônico na série histórica dos últimos dez anos.

Em maio de 2021, a área degradada pelo fogo aumentou 144%, de acordo com o instituto. (Reprodução/ Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon)

Desmatamento e degradação

O indicador é quase o dobro dos 660 km² devastados no mesmo período do ano passado, superando ainda os registros de março e abril deste ano, os três maiores índices desde 2012, captados pelo Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) do Imazon. Pará, Amazonas e Mato Grosso foram os Estados que mais desmataram e degradaram a Amazônia.

O instituto apresenta os dados, separando registros de desmatamento e degradação por Estado, considerando o desmatamento como a remoção completa da vegetação florestal (conversão de floresta em pasto, por exemplo) e, a degradação, como a extração das árvores visando fins lucrativos, a exemplo da comercialização de madeira ou ainda os incêndios controlados em áreas particulares que escapam e atingem as matas.

“Somente agora no mês de maio de 2021 houve um aumento de 144% das áreas de degradação florestal”, destacou a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim, que falou com a reportagem da Revista Cenarium nesta quarta.

A degradação, citada por Larissa Amorim e detectada pelo SAD, atingiu 39 km² de florestas da Amazônia Legal, ocorrendo no Mato Grosso, Estado responsável por 85% disso e, no Pará, que degradou 15% da área monitorada. O aumento é de 144% quando se compara  com o mesmo período do ano anterior. 

Estados líderes em desmatamento

Pará e Amazonas juntos acumularam 688 km² de desmatamento, correspondendo a 60% do total identificado pelo Imazon, que relacionou o tamanho do estrago com a área territorial da capital baiana, Salvador. Veja a situação dos sete Estados que mais desmataram no último mês:

EstadoÁrea desmatada%
PA424 km²37%
AM264 km²23%
MT220 km²20%
RO137 km²12%
AC40 km²4%
MA31 km²3%
RR6 km²1%

Fonte: Instituto do Homem e Meio Ambiento da Amazônia (Imazon)

Dez municípios também foram listados como os que estão em situação mais crítica, ranking que também é liderado por território paraense:

CidadeEstadoÁrea desmatada
AltamiraPA107 km²
LábraAM69 km²
São Félix do XinguPA60 km²
Novo ProgressoPA59 km²
Porto VelhoRO56 km²
ApuíAM55 km²
ColnizaMT40 km²
ItaitubaPA35 km²
Novo AripuanãPA32 km²
Nova BandeirantesMT30 km²

Fonte: Instituto do Homem e Meio Ambiento da Amazônia (Imazon)

Analisando todo o território da Amazônia Legal de forma geral foi possível identificar que 66% da devastação ocorreu em terras privadas ou em estágios de posse, 17% em assentamentos, 15% em Unidades de Conservação (UCs) e 2% em Terras Indígenas (TIs).

No Estado do Pará, estão 6 das 10 UCs ranqueadas como maiores alvos de desmatamento, caso da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, que perdeu 88 km², além de cinco do total de 10 territórios indígenas destacados, como a TI Apyterewa, que lidera a lista.

Entre os 10 assentamentos que mais registraram florestas devastadas, seis estão localizadas em solo amazonense. Em situação mais crítica, aparece o Projeto de Assentamento Rio Juma, com 42 km² destruídos.

Seca na Amazônia

Mesmo com os dados alarmantes e crescentes desde abril, não é possível prever se a tendência de desmatamento e de degradação vai acelerar. Por outro lado, a chegada da estação seca na Amazônia, que ocorre geralmente entre junho e setembro, traz o risco de queimadas. “O fogo é bastante utilizado na Amazônia Legal para a limpeza de pasto e abertura de novas áreas e então muitas áreas que são queimadas, portanto de degradação ambiental e podem se tornar áreas desmatadas em curto prazo. Nós estamos entrando em um período mais seco, onde historicamente, a áreas degradadas e desmatadas apresentam valores mais elevados”, alerta a pesquisadora Larissa Amorim.

Para Amorim, “o desmatamento é um problema crônico na Amazônia Legal e, para mudar esse cenário, é necessária uma ação mais efetiva por parte dos órgãos de fiscalização ambiental”.

“Então, essa atuação precisa ser feita de forma mais incisiva, por exemplo, por meio da aplicação de multas, embargando as áreas desmatadas ilegalmente e também fazendo a apreensão dos materiais utilizados por esses desmatadores ilegais”, ressalta a pesquisadora. 

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