Pela primeira vez, TSE inclui mulher negra como possível integrante de lista tríplice para ministro substituto

 Pela primeira vez, TSE inclui mulher negra como possível integrante de lista tríplice para ministro substituto

A vaga é destinada para ministro substituto oriundo da advocacia cargo(Reprodução/ Internet)

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Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – A advogada Vera Lúcia Araújo, de 62 anos, é a primeira mulher negra a integrar a relação de possíveis nomes a integrarem a lista tríplice de escolha para ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O anúncio foi feito na quarta-feira, 27, durante o Seminário #ParticipaMulher – Por uma Cidadania Plena, realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral para debater a representatividade e a igualdade feminina. Agora, o Supremo Tribunal Federal decidirá quais nomes irão compor a lista tríplice que irá para escolha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A vaga é destinada para ministro substituto oriundo da advocacia, cargo ocupado até então pelo ex-ministro Carlos Velloso Filho, que renunciou em março, alegando motivos de saúde. Na leitura da ativista e advogada Luciana Santos, ter o nome de Vera Lúcia como indicada ao cargo de Ministro do TSE, é emblemático e traz à tona dois pontos de vista: a importância da representatividade e a exclusão em suas diversas nuances.

“O número de pessoas negras em altos cargos do sistema de Justiça é baixíssimo no Brasil e quando se trata de mulheres, a situação ainda é pior. O racismo e o machismo têm uma grande força em nossa sociedade. Então, ter uma ministra negra é, sem dúvida, bastante significativo. avalia a advogada que complementa.

Advogada Vera Lúcia Araújo, de 62 anos (Minervino Jr. /CB)

Do ponto de vista da representatividade, jovens terão em quem se espelhar e passarão a enxergar espaços de poder, como o TSE, como um lugar em que também podem chegar. No entanto, o fato de ela ser a única negra também é emblemático da situação de exclusão da população negra, da falta de oportunidades,  da falácia da meritocracia e da importância das políticas de ação afirmativa para essa reparação histórica, considera Luciana.

Concorrência

Vera Lúcia Araújo concorre com a advogada Rogéria Fagundes Dotti e os advogados Fabrício Medeiros e André Ramos Tavares. De acordo com presidente do TSE, Edson Fachin, a lista de finalistas foi feita com duas mulheres e dois homens “pela paridade”. Antes da lista final, mais de 20 nomes concorreram à vaga, inclusive, outras três mulheres negras também. As advogadas Aline Moreira, Simone Henriques e Edilene Lobo.

Vale ressaltar que embora a lista tenha sido encaminhada ao Supremo Tribunal Federal para votação da remessa, o presidente Jair Bolsonaro pode optar em devolver a lista, não eleger ninguém, e até mesmo deixar o cargo vago.

Sobre Vera Lúcia

Vera Lúcia nasceu em Livramento de Nossa Senhora (BA), mas ainda jovem foi para Brasília onde prestou vestibular para Direito após ter tentado Medicina e não ter conseguido aprovação para o curso. A jurista já foi secretária-adjunta de Igualdade Racial do Distrito Federal (DF).

Também já foi diretora executiva da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (FUNAP). “Foi um feito inovador do ministro Fachin, nos escolher, mas é importante lembrar que nós não estamos nesta caminhada, de agora. São anos de estrada e dedicação para que, em 2022, o trabalho de juristas negras ganhe reconhecimento”, disse Vera Lúcia em entrevista ao Portal Alma Preta Jornalismo.

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