‘Lamento, mas acontece todo dia’, diz Damares em primeiro pronunciamento sobre estupro de menina Yanomami

 ‘Lamento, mas acontece todo dia’, diz Damares em primeiro pronunciamento sobre estupro de menina Yanomami

Reprodução/ Flickr Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

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Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves se pronunciou pela primeira vez sobre o estupro da adolescente Yanomami de 12 anos, ocorrido no último dia 25, na região do Waikás, em Roraima.

O presidente do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Ianomâmi e Ye’kwana), Júnior Hekurari Yanomami relatou o crime aos órgãos federais que foram ao local, mas informaram “não encontrar indícios de crimes contra mulheres e crianças na Terra Indígena Yanomami”.

Em entrevista ao site Universa, do portal UOL, Damares falou sobre a atuação enquanto estava no ministério. Ela afirma que, somente nos anos em que esteve à frente da pasta, a causa indígena, no que diz respeito à violência sexual contra crianças, foi levantada. “Quando acontecem casos como esse, as pessoas querem muito que a Damares se manifeste. Mas veja só: fui eu que falei sobre o estupro de crianças, inclusive estupro coletivo de crianças em áreas indígenas até mesmo em forma de ritual. Fui eu que levantei, no Brasil, lá atrás, em forma de debate, sobre a cultura nociva em alguns povos no Brasil”.

Ao ser perguntada sobre o caso dos Yanomami, que vem repercutindo há dias, Damares relembrou o caso da menina de 11 anos, da etnia Guarani Kaiowá, vítima de estupro coletivo e que foi arremessada de um penhasco de 20 metros, localizado no município de Dourados, em Minas Gerais. “O estupro dessa menina nos chocou como nos chocou o estupro da menininha lá entre os Guarani Kaiowá. Infelizmente esse não é um caso isolado e a gente tem que se levantar como um todo no enfrentamento à violência contra meninas e mulheres indígenas”, respondeu à repórter do UOL, Luiza Souto.

No caso da menina Yanomami de 12 anos, estuprada e morta por garimpeiros, Damares lembrou que o garimpo ilegal atua em áreas indígenas há mais de 70 anos, e que o caso ocorrido no dia 25 não é uma exceção. “Esse caso traz a questão do garimpo, mas quero lembrar que os garimpos estão em terras indígenas há mais de 70 anos, de forma irregular, e são muitas as violências. Esse caso dessa menina causou essa repercussão toda, e isso é muito bom porque a gente ainda vai conversar sobre violência sexual contra crianças indígenas. A gente não pode ser pautada por um só caso. Lamento, mas acontece todo dia”, conclui.

Silêncio de Damares

Damares estava sendo criticada nas redes sociais pela demora a se pronunciar sobre o caso da adolescente Yanomami, foram exatos 10 dias para que ela então falasse. A ex-ministra, no entanto, esteve ativa nas redes sociais. Um dia após o caso Yanomami vir à tona, Damares tweetou comemorando o ganho de novos seguidores, após a compra do Twitter por Elon Musk:

O aumento massivo de seguidores nos perfis de apoiadores do Presidente Bolsonaro é resultado da mudança das políticas do twitter, mas a pesquisa, levantada pelo Bot Sentinel, a pedido do Congresso em Foco, aponta que 67,4% do total de novos seguidores de bolsonaristas são de contas consideradas não autênticas, ou robôs.

Polêmica do sequestro

A ex-ministra, que agora pleiteia uma cadeira no Senado, já se envolveu em outras polêmicas com indígenas. No ano de 2019, a revista “Época” revelou a história de Lulu Kamayurá, a índia criada como filha por Damares Alves desde os 6 anos de idade, quando foi retirada da aldeia. Segundo a reportagem, os indígenas disseram que Damares levou Lulu com o pretexto para fazer tratamento dentário, mas a criança nunca mais retornou à comunidade. A ex-ministra chegou a procurar a reportagem para esclarecer a adoção de Lulu, mas segundo a revista, respondeu parcialmente as 14 perguntas enviadas, e ignorou a pergunta sobre adoção irregular.

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