‘Houve abuso no poder de denunciação’, alega advogado de governador do AM sobre faltas de provas na ação da PGR

 ‘Houve abuso no poder de denunciação’, alega advogado de governador do AM sobre faltas de provas na ação da PGR

O advogado Nabor Bulhões (Divulgação/CAARJ)

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Marcela Leiros – Da Revista

MANAUS – A defesa do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pontuou, em sessão extraordinária do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na manhã desta segunda-feira, 20, que a denúncia do Ministério Público (MP) referente à suposta dispensa irregular de licitação envolvendo 28 respiradores pulmonares, é ilegal, abusiva e exige provas. Para o advogado Nabor Bulhões, houve um “abuso de poder de denunciação”, a qual transformou a denúncia original – da compra dos equipamentos – em outras acusações não relacionadas com o governador.

A Ação Penal (APn) 993 pede a condenação de Lima, ex-secretários estaduais e empresários por, supostamente, participarem de irregularidades na compra de respiradores para o tratamento de pacientes na pandemia da Covid-19 no Estado. Contudo, contra o governador, o MP adicionou o suposto comando de organização criminosa, fraude à licitação e peculato. Se a denúncia for aceita pela Corte, os investigados viram réus.

“Eu diria que poucas vezes eu vi o MP atuar tão incisivamente no que eu denominaria de uso abusivo do poder de denunciação”, afirmou o advogado logo no início da defesa. “Essa investigação se transforma em uma multiplicidade de crimes absolutamente incogitáveis na espécie. Não é possível o MP usar do seu poder para transformá-lo em um poder abusivo, no exercício do poder abusivo de denunciação criminal, utilizando a tática cruel e inadmissível do overcharging, da acusação excessiva”.

O julgamento da denúncia já foi adiado duas vezes. Ele estava marcado para ocorrer inicialmente no dia 2 de junho e depois no dia 30 do mesmo mês. Primeiro foi suspenso por não ter se cumprido todos os trâmites judiciais e depois porque a Polícia Federal apresentou novas provas, tendo o governador direito à nova defesa. Na sessão, os ministros poderão decidir pelo afastamento, ou não, do governador do cargo.

O advogado Nabor Bulhões durante julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Vazamento de informações

Durante o julgamento, o advogado afirmou ainda que a prática abusiva também foi praticada pela Polícia Federal (PF) no curso das investigações. Para Bulhões, ainda durante a investigação, a organização já cogitava “prima facie” – à primeira vista – a existência da suposta organização criminosa e organização para dispensa de licitação e indicou que houve vazamento de informações, com a finalidade de prejudicar Wilson Lima.

“Durante as investigações, os investigadores delegatórios vazaram seguidamente informações seletivas para promover publicidade negativa contra o governador e os investigados. Isso gerou um efeito contrário”, enfatizou o advogado.

A defesa de Wilson Lima ainda pontou que o relator do processo no STJ, o ministro Francisco Falcão, ao deferir a medida cautelar que autorizou buscas em imóveis de Wilson Lima, e na sede do governo do Estado, não confirmou o envolvimento do governador no processo de dispensa de licitação para aquisição dos respiradores pulmonares, mas indicou que era apenas uma “possibilidade”.

“O ministro Falcão deferiu à medida cautelar, mas dizendo que, ‘com relação ao governador, ele deferia o pedido, porque diante da existência de elementos que indicariam a sua “possível” ciência e participação no processo de dispensa de licitação para aquisição dos respiradores pulmonares. Quando deferiu a medida cautelar,  ele fez rejeitando que ele estivesse envolvido em organização criminosa, referiu apenas à dispensa irregular de licitação”, disse, por fim, o advogado.

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