‘Grau de desprezo com a floresta’, diz Greenpeace sobre dispensa do Eia/Rima para garimpo no AM

 ‘Grau de desprezo com a floresta’, diz Greenpeace sobre dispensa do Eia/Rima para garimpo no AM

O porta-voz de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Danicley Aguiar (Thiago Alencar/CENARIUM)

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Paula Litaiff – Da Revista Cenarium

MANAUS – O porta-voz de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Danicley Aguiar, se manifestou sobre a proposta em debate no Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam) que flexibiliza a legislação ambiental para a operação de garimpo de cooperativas, substituindo o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima) pelo Plano de Controle Ambiental (PCA). O assunto foi publicado nesta terça-feira, 14, pela REVISTA CENARIUM.

Ações como essas materializam bem o grau de desprezo para com a floresta e seus povos e a dificuldade dos governantes do Amazonas em romper com a economia da destruição“, declarou Danicley.

Ele ratificou que o momento é de debater políticas públicas capazes de superar a atividade de garimpagem. “Ao invés de debaterem sobre políticas públicas capazes de superar o garimpo e, de fato, constituir uma economia capaz de conviver com a floresta, querem aprofundar a crise produzida pela epidemia de garimpo na Amazônia“, concluiu.

No mês passado, o governo federal decretou estado de emergência na Terra Indígena Yanomami (TIY), no Estado de Roraima, com a morte de centenas de crianças indígenas por doenças evitáveis. O principal motivo apontado por autoridades é o avanço do garimpo ilegal na região, apoiado pelo Governo de Roraima e parlamentares da Assembleia Legislativa (ALE-RR).

Balsas de garimpo no Rio Madeira, em novembro de 2021 (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Flexibilização

No Amazonas, a proposta de flexibilizar o garimpo pelas cooperativas partiu da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Sedecti). Amanhã, 15, o Conselho Estadual de Meio Ambiente debaterá o assunto com membros da Câmara Técnica Provisória de Recursos Minerais.

De acordo com o documento assinado pela Sedecti, as justificativas apresentadas da pasta para liberar o Eia/Rima das cooperativas de garimpo baseiam-se, essencialmente, em argumentos de senadores constituintes que defenderam a proteção constitucional do garimpeiro, na forma definida no segundo anteprojeto de Bernardo Cabral e Ademir Andrade, há mais de 30 anos.

Entre os argumentos está o que diz que as grandes empresas mineradoras conseguem alvarás de exploração no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) porque têm geólogos, ato previsto no Código de Mineração. Essas empresas, segundo a Sedecti, expulsam “centenas, milhares de garimpeiros que estavam trabalhando nas áreas, muitas vezes, há dezenas de anos”.

Canteiro de garimpo ilegal na região do Rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami (TIY) (Divulgação)

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