Garimpeiros retornam ao Rio Madeira, no interior do AM, após oito meses da operação que destruiu centenas de balsas

 Garimpeiros retornam ao Rio Madeira, no interior do AM, após oito meses da operação que destruiu centenas de balsas

Centenas de balsas invadiram a região em 2021 (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

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Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Centenas de balsas de garimpo ilegal invadiram o Rio Madeira, no município de Autazes, distante 111 quilômetros de Manaus, na mesma região que em novembro de 2021 a Polícia Federal (PF), com apoio das Forças Nacionais de Segurança, prendeu três pessoas e destruiu cerca de 131 balsas utilizadas para o garimpo durante Operação Uiara.

A organização não-governamental Greenpeace confirmou à REVISTA CENARIUM o retorno do grupo de garimpeiros à comunidade do Rosarinho, em Autazes, com centenas de balsas, dragas e outros equipamentos utilizados para a exploração de ouro. O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) informou que não tem registro formal da situação.

A equipe de reportagem também entrou em contato com a Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas até a publicação desta matéria não recebeu resposta.

Balsa de garimpo no Rio Madeira, município de Autazes, em 2021, próximo à Comunidade Rosarinho, 120 quilômetros de Manaus (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Na avaliação do porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, a ausência das Forças de Segurança e regulação nos rios, bem como a falta de estrutura empregatícia, possibilita o retorno dos garimpeiros.

“O regresso desses garimpeiros a Autazes demonstra com clareza o quão falha é a política de desenvolvimento regional. Se não houver alterações profundas no desenvolvimento regional, toda vez que a política de comando e controle recuar – e ela vai ter que recuar e os garimpeiros sabem disso – essa atividade vai recrudescer, vai voltar, assim como voltou o desmatamento após a forte queda que teve nos anos do Governo Lula”, afirma.

O Rio Madeira, com nascente na Cordilheira dos Andes e passando por Rondônia e o Amazonas, possui mais de 3,3 mil quilômetros sendo o 17° maior do mundo em extensão, o que acaba prejudicando operações e a fiscalização em toda sua dimensão.

“Não é possível fazer o patrulhamento ostensivo de um rio do tamanho do Rio Madeira, e toda vez que a política de comando e controle recuar, então, não da para combater o garimpo, o desmatamento e todas as atividades ilícitas que se desenvolvem na Amazônia apenas com comando e controle”, diz o porta-voz.

Para ele, é preciso além de fortalecer a segurança com mais efetivo, também investir na economia local. A presença dos garimpeiros na região acaba movimentando os pequenos mercados e fortalece os laços entre garimpeiros e comunitários que, inclusive, chegaram a participar de protestos a favor dos garimpeiros após a queima de dragas na operação de novembro de 2021.

Garimpeiros e comunitários protestaram em 2021 pedindo por alternativas após destruição de balsas (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Danicley pontua que incentivos econômicos que convivam com a Amazônia e assegurem os direitos e diminuam as disparidades sociais na Região Amazônica são indispensáveis. “É preciso associar essa política de comando e controle a outras políticas, especialmente, a uma política econômica que seja capaz de estimular iniciativas que convivam com a floresta, assegurem direitos e diminua a desigualdade social que marca a região”, conclui.

Centenas de balsas invadiram a região em 2021 (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Operação Uiara

O Greenpeace foi responsável por denunciar a presença das balsas na operação de novembro com o suporte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e estão preparando nova denúncia sobre a invasão que começou neste fim de semana.

A Operação Uiara realizada pela PF com apoio de outros órgãos de controle identificou 300 dragas que chegaram à Comunidade de Rosarinho após receberem a informação de que havia ouro na região.

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