‘Não temos muito a comemorar’, diz ex-diretor do Inpe sobre políticas para o meio ambiente do governo federal

 ‘Não temos muito a comemorar’, diz ex-diretor do Inpe sobre políticas para o meio ambiente do governo federal

Ricardo Galvão – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS — O físico, engenheiro e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão — exonerado, em 2019, depois de discutir com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre dados da Amazônia — afirmou neste domingo, 5, em um vídeo publicado nas redes sociais em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, que os brasileiros não têm muito o que comemorar. No material, ele explica que os motivos são a degradação dos biomas, especialmente a Amazônia, e a política antiambiental do Governo Bolsonaro.

“Infelizmente, nós, brasileiros, não temos muito a comemorar. Nos últimos três anos, a taxa de desmatamento da Amazônia cresceu substancialmente atingindo cerca de 13 mil quilômetros quadrados no ano passado. Outros biomas importantes, como o Cerrado e o Pantanal, também foram bastante degradados. Infelizmente, apesar de seu discurso ardiloso, o governo brasileiro, de certa forma, estimula essas ações predatórias por meio da sua inépcia e ações erradas”, disse ele.

Governo estimula

Galvão cita a nova estrutura da Câmara Consultiva Temática, cuja existência foi editada pelo Ministério do Meio Ambiente, do governo federal. O grupo, além de ter a atribuição principal alterada — deixou de ser a implementação de ações de prevenção e passou a ser “qualificação de dados” —, não terá mais a participação de órgãos ambientais como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o próprio Inpe. Os ministérios da Defesa, da Economia e da Justiça e Segurança Pública foram incluídos na nova configuração.

“O Ministério da Defesa tem uma ação louvável na Amazônia, com relação à segurança das fronteiras e de todo o território, mas eles não têm uma missão constitucional de analisar a ocupação da terra sob o ponto de vista de atividades civis. E o que está fazendo o Ministério da Economia nessa Câmara? Será se existem vários economistas que saibam analisar imagens de satélites? Há de se pensar que esses economistas estão lá para defender interesses econômicos”, complementou.

Desmatamento

Os últimos dados divulgados pelo Inpe sobre desmatamento na Amazônia foram preliminares e apontaram um número recorde de alertas para o mês de abril, com 1.012 quilômetros quadrados de devastação. O relatório considerou o período entre 1º e 29 de abril. Com isso, os dados de detecção do Deter-B mostram um aumento de 74,5% em relação a 2021 que, por sua vez, também tinha batido o recorde para a série histórica iniciada em 2016, com 579,98km² para o mesmo período.

Ainda segundo o Inpe, o Amazonas é o Estado, no Brasil, que mais desmata em 2022. Até o dia 13 de maio, foram 636 quilômetros quadrados (km²) de devastação no Estado, que concentra 28% dos territórios com avisos de desmatamento em toda a Amazônia Legal no ano. Em abril, foram 346 km² de alertas, o maior registro entre todos os que compõem a região.

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