Fotógrafo da CENARIUM estampa 25ª edição da revista internacional Carcará

Registros de uma Amazônia em preto & branco são uma das especialidades do fotógrafo amazonense. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – O experiente fotógrafo amazonense Ricardo Oliveira, que integra o time de jornalistas da REVISTA CENARIUM, estampou obras na prestigiada revista de cultura fotográfica ‘Carcará’. Com a 25ª edição publicada neste mês de março, a coleção expõe ao todo 11 imagens em preto e branco nas páginas da revista eletrônica que tem circulação mundial nas ondas da web.
Além do alto conceito de publicação, a Carcará tem um padrão editorial que prima pela estética apurada e pela originalidade dos trabalhos. Para chegar às páginas da revista é preciso passar pela equipe de curadores liderados por Carlos Cirenza, editor-chefe da Carcará. Fotógrafos de renome internacional como Lula Sampaio, César Oiticica, Luiz Garrido e Maureen Bisilliat já lograram publicações no periódico.
De acordo com Ricardo Oliveira, figurar em publicações respeitadas como a Carcará é reconhecimento profissional e uma oportunidade. “Ter o trabalho publicado na revista é importante, porque se fala da Amazônia e seus povos e também é reconhecimento ao profissional por ter essa curadoria de pessoas sérias na análise de trabalhos”, comemorou.

Elegância
As obras do fotógrafo amazonense são em preto e branco, uma técnica pouco usual ao se registrar a Amazônia verde ou multicor. “Quando se pensa em Amazônia vem muita cor na nossa imaginação, mas o preto e branco é muito elegante. Foi uma opção que a cada dia aproximo com essas misturas de cinzas no meu trabalho. Talvez a cor nesta edição desviasse o foco”, ponderou.
Questionado se era a primeira vez que seus trabalhos estampavam uma publicação peso-pesado como a Carcará, Oliveira buscou contextualizar a experiência como fotógrafo profissional. “Já publiquei muito em agências internacionais de notícias. Só que é muito diferente de uma publicação especializada direcionada ao tema que é o caso dos ensaios fotográficos”, observou.

Por suas peculiaridades, a região pode ser uma armadilha para fotógrafos menos atentos aos clichês. “Os clichês não deixarão de existir. Faz parte da nossa região. Talvez a abordagem sim tenha que ser mais demorada e vivida. Neste ensaio temos os piaçabeiros, por exemplo. Acho que muita gente no sul do Brasil não conhece a labuta desses homens nos confins da Amazônia”, destacou.
Viver para entender
Para Ricardo Oliveira, do alto de seus quase 30 anos de carreira, criar um bom registro sobre a mais complexa região do Brasil, é algo que não pode se originar apenas em um click. “Para compreender a Amazônia não se pode vir a jato. É preciso estar com essas pessoas e ouvi-las. Isso é o mais importante, destacou o profissional amazonense.
Sobre o futuro em meio às batalhas do dia a dia em Manaus, Ricardo Oliveira projeta sempre uma nova perspectiva. “O trabalho não se fecha. A Amazônia é o centro de grandes notícias do planeta. Sou fotógrafo. Eu tenho esse compromisso de fazer essa crônica visual da região. Sou daqui, moro aqui. Aqui estou sempre em transe”, finalizou.

Estrada
Ricardo Oliveira é amazonense, iniciou sua carreira no Rio de Janeiro, onde morou e estudou na FotoRiografia, com os professores Walter Firmo e Ivan Lima. Em 1995, voltou para Manaus. Foi um dos vencedores do I Prêmio de Jornalismo do Governo do Estado do Amazonas. Participou da exposição coletiva “É Tempo de Brasil”, no Museu do Louvre, em Paris, durante a Copa do Mundo Fifa de Futebol de 1998.
No mesmo ano, publicou ensaio no livro “Amazônia: Olhar Sem Fronteiras”, coletiva com fotógrafos sul-americanos, organizado pela Funarte. Em 2002, concluiu pós-graduação em “Fotografia como Instrumento de Pesquisa nas Ciências Sociais”, na Universidade Candido Mendes (RJ).
Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), lançou o livro “Amazônia – Olhares”, um ensaio sobre cenas do cotidiano da vida amazônica. Em 2008 e 2011, foi finalista do Prêmio Embratel de Reportagem – Regional Norte, com o trabalho “Waimiris-Atroaris: Massacres, Riquezas e Mistérios”.
Em 2014, ganhou prêmio Sebrae Nacional de Fotografia, com a reportagem “Milagre dos Peixes”, no Amazonas em Tempo. Em 2016, ganhou o Prêmio Nacional MPT Ministério Público do Trabalho, a 7ª edição do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos e o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (Menção Honrosa) com reportagem sobre o “Piabeiros e Piaçabeiros às margens do Rio Negro e das Leis Trabalhistas e dos Direitos Humanos”.

Atualmente é colaborador do staff da Tyba Agência Fotográfica, eleita melhor agência de fotos do Brasil pela revista francesa Photo. Além disso é fotógrafo da REVISTA CENARIUM, agência de notícias criada em Manaus voltada para assuntos de toda a região amazônica.