Na ONU, indígenas do Brasil denunciam governo federal por política contra povos originários

 Na ONU, indígenas do Brasil denunciam governo federal por política contra povos originários

Indígena durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2019. (Ascom/ONU)

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Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS — Indígenas brasileiros participaram do 21º Fórum Permanente dos Povos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e denunciaram a política anti-indígena do governo federal. O membro da Organização Representativa dos Povos Indígenas da Terra do Vale do Javari (Unijava), Beto Marubo, explanou que a Fundação Nacional do Índio (Funai), que deveria zelar pelos direitos dos povos originários do Brasil, está debilitada e atuando em prol de ruralistas e religiosos fundamentalistas, e lembrou ataques.

“No ano passado, gravamos e denunciamos um coordenador militar da agência indígena oficial que incentivou, em uma reunião com meus familiares no Rio Ituí, disparar fogo contra indígenas isolados, fomentando a guerra entre o meu povo e um grupo de indígenas isolados. A isto se soma as denúncias intimidatórias do governo contra a nossa organização e nossos aliados, com a intenção de nos criminalizar”, pontuou ele, no evento paralelo ao fórum, que teve como tema a “Situação atual da violação de direitos e da violência contra os Povos Indígenas Isolados no Brasil”.

Beto Marubo também lembrou do recente episódio da invasão de garimpeiros em terras localizadas próximo a Atalaia do Norte, no Amazonas. “Em março, registramos vários garimpeiros dentro do nosso território, nos rios Inhagantuba e Jutaí. E há uma semana, os Kanamari denunciaram, na imprensa nacional, a invasão de mineiros que cometeram abuso sexual e usaram álcool e gasolina para embriagar membros da comunidade Jarinal“, destacou ainda.

Representantes indígenas

Além do membro da Unijava, participaram também do evento a coordenadora executiva da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Angela Kaxuyana, e Luciano Pohl, da gerência de proteção dos direitos dos povos isolados da Coiab. A Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus foi representada por José Bajaga, o Observatório dos Direitos dos Povos Isolados e de Recente Contato teve como representante Fabio Ribeiro e a Operação Amazônia Nativa levou Elias Bigio.

“O Governo Bolsonaro está acelerando sua guerra final contra os povos indígenas com projetos de lei que acabam com nossos direitos. A política pública de proteção de povos isolados e de recente contato brasileiro, que uma vez foi referência mundial em material de direitos humanos e proteção de florestas tropicais, agora é sequestrada por setores arcaicos de ruralistas predatório e evangélicos fundamentalistas”, pontuou ainda Beto Marubo.

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