Extinção civilizatória

 Extinção civilizatória

Vítimas do garimpo ilegal, os Yanomami, de Roraima, passaram a ter espaço na mídia nacional e internacional após a exposição de fotos e vídeos de crianças desnutridas e desidratadas (Mateus Moura/Revista Cenarium)

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“Os brancos acham que deveríamos imitá-los em tudo. Mas, não é o que queremos. Eu aprendi a conhecer seus costumes desde a minha infância e falo um pouco a sua língua. Mas, não quero, de modo algum, ser um deles. Sei também que se formos viver em suas cidades, seremos infelizes. Então, eles acabarão com a floresta e nunca mais deixarão nenhum lugar onde possamos viver longe deles”.

Trecho do livro “A Queda do Céu: palavra de um xamã Yanomami” (2010) traz o relato de um dos maiores porta-vozes do povo Yanomami, David Kopenawa, com uma reflexão sobre o abandono dos povos originários, agravado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), fazendo-nos entender o óbvio: a destruição da floresta não destrói só os indígenas, mas a todos nós.

Vítimas do garimpo ilegal, os Yanomami, de Roraima, passaram a ter espaço na mídia nacional e internacional após a exposição de fotos e vídeos de crianças desnutridas e desidratadas, resultado da omissão criminosa do ex-presidente Bolsonaro e do próprio governador do Estado, Antonio Denarium (PP), uma tragédia étnica anunciada, que foi capa da REVISTA CENARIUM em junho de 2021, voltando a ser tema especial desta edição.

Entre a responsabilidade dos governantes e dos agentes fiscalizadores, há a responsabilização da sociedade, que, também, foi e vem sendo omissa na cobrança por resultados efetivos nas ações de proteção ao povo Yanomami e a todos os povos originários. Além de exigir providências do presidente atual, é preciso entender o que fez os brasileiros regredirem em humanidade a ponto de votarem em governantes que defendem a extinção dos povos originários (Bolsonaro) e os que querem a aculturação destes (Denarium).

Está na hora de passarmos a confrontar os cidadãos que têm afinidade com esses tipos de governantes. A ignorância deles é, também, de responsabilidade de quem não os segue, é culpa de toda uma sociedade que permite a sobrevivência de representantes com narrativa genocidas. Esses, mesmo se nascessem de novo, jamais compreenderiam uma linha do que escrevem homens como David Kopenawa, cuja civilidade e compreensão de mundo não se vê em nenhum deles.

O assunto foi tema de capa e especial jornalístico da nova edição da REVISTA CENARIUM do mês de janeiro de 2023. Acesse aqui para ler o conteúdo completo.

Capa da Revista Cenarium do mês de fevereiro (Reprodução/Revista Cenarium)

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