Alvo de pedido de prisão por extração ilegal na Amazônia comanda ‘Meio Ambiente’ em Manaus

 Alvo de pedido de prisão por extração ilegal na Amazônia comanda ‘Meio Ambiente’ em Manaus

David Almeida e Antonio Stroski: nomeação de investigado por desmatamento ilegal para Semma (Reprodução/Internet)

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Paula Litaiff – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com a prisão solicitada por procuradores da República pela participação em um esquema de corrupção em licenciamentos ambientais no Amazonas, o engenheiro agrônomo Antonio Stroski passa a comandar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente em Manaus (Semmas) na gestão do prefeito David Almeida (Avante), aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro.

A nomeação de Stroski surpreendeu membros do Ministério Público Federal (MPF), órgão que, junto com a Polícia Federal (PF), investigam o secretário da Semma na Arquimedes, operação que ainda está em andamento.

Iniciada em 2017, a operação foi deflagrada após suspeitas de Stroski na gestão do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), de 2017 a 2018. O procurador da República, Leonardo Galiano, tentou prender o técnico, mas a petição foi indeferida.

Procuradores da República na coletiva da operação Arquimedes (MPF/AM)

O Ipaam é responsável pela fiscalização ambiental no Estado amazonense e, segundo a PF e o MPF, Stroski fazia “vista grossa” para a exportação de madeiras com Documento de Origem Florestal (DOF) fraudado.

A constatação veio à tona após a emissão de um alerta emitido pela Receita Federal e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Na primeira fase da operação Arquimedes, foram apreendidos 444 contêineres de 63 empresas com carga de madeira. De acordo com o MPF, a madeira seria destinada a outros Estados brasileiros e também para exportação.

Os países que receberiam a carga ilegal são da América do Norte, Ásia e da Europa. O volume total de madeira apreendido na operação foi 10 mil metros cúbicos, se fosse enfileirado, cobriria a distância de 1,5 mil quilômetros, equivalente ao percurso entre Brasília e Belém.

Ainda segundo o MPF, o esquema criminoso, do qual Antonio Stroski foi acusado de envolvimento, estava composto por madeireiros, engenheiros florestais, servidores públicos e detentores de planos de manejo. Além dele, a ex-presidente do Ipaam (2017-2018), Ana Aleixo, também, foi alvo da Arquimedes. Ela morreu em 2019.

Tentáculos no poder

Em entrevista à IstoÉ há menos de três meses, o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, declarou que a prática do desmatamento ilegal tem ligações em vários setores da sociedade, incluindo o Poder Público.

“O desmatamento é feito por uma organização criminosa com tentáculos em várias áreas da sociedade, incluindo o serviço público”, disse Alexandre Saraiva.

Ele afirmou ainda que o crime é o principal propulsor da degradação das florestas. “O tráfico internacional de madeira é a mola mestra do desmatamento”, acrescentou o superintendente, que foi um dos coordenadores da operação Arquimedes.

Expectativa x realidade

Quando buscava a eleição na campanha publicitária no ano passado, o prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou que, se fosse eleito, daria transparência a sua gestão e prometeu informar a sociedade sobre suas decisões em entrevista ao Jornal A Crítica.

“Eu entendo que a transparência é um princípio fundamental da administração pública e por pensar dessa forma vou implementar as medidas que se fizerem necessárias para corrigir possíveis vícios, com o objetivo de disponibilizar à sociedade as informações necessárias sobre todos os atos da administração”, declarou ele, à época.

Ao nomear Antonio Stroski para a Semma, o prefeito de Manaus omitiu que o técnico foi alvo da operação Arquimedes deflagrada pela PF, limitando-se a apenas comunicar a decisão em coletiva à imprensa.

Trecho da nomeação consta no Diário Oficial do Município (DOM) (Reprodução)

Questionado sobre a conduta institucional do titular da Semmas pela REVISTA CENARIUM, o prefeito David Almeida, por meio de sua assessoria, mandou a reportagem falar com Antônio Stroski, mesmo a pergunta sendo direcionada a ele. Já a assessoria de Stroski não respondeu à reportagem.

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