EDITORIAL – Dinheiro para quem?

 EDITORIAL – Dinheiro para quem?

Cacica Ivanilde Mura, ao fundo usina de gás (Composição: Weslley Santos / Foto: Ricardo Oliveira / Revista Cenarium)

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Com uma receita líquida de R$ 2,5 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2023, a Eneva S/A vai na contramão do que defendem os protocolos mundiais de meio ambiente e investe na exploração de combustíveis fósseis, violando os direitos dos povos tradicionais no Amazonas com a promessa de gerar desenvolvimento financeiro no município de Silves, no Amazonas. Mas dinheiro para quem?

O questionamento é da cacica Ivanilde Mura à reportagem da REVISTA CENARIUM, na matéria especial deste mês, que, juntamente com outras lideranças indígenas, relata os desafios e riscos de enfrentar um grupo empresarial com amplo poder político e sedento por lucro a qualquer custo, alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) e tendo como principal acionista o Banco BTG Pactual, cofundado pelo ex-ministro de ultradireita Paulo Guedes.

Guedes foi quem culpou os “mais pobres” pelos problemas ambientais do mundo, ao dizer que eles “destroem tudo porque estão com fome”, durante um discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos, nos Estados Unidos, em 2020. Neste cenário, como é possível acreditar que uma empresa como a Eneva está preocupada com o desenvolvimento regional de uma cidade no meio da Amazônia?

Com a promessa de gerar arrecadação anual de royalties de mais de R$ 70 milhões ao ano, a Eneva fechou 2023 com um repasse de R$ 2,3 milhões de royalties após oito anos de exploração de gás no município de Silves, cujo cenário é de visível estagnação econômica, como mostrou o documentário “Eneva viola direitos dos povos da Amazônia”, no canal do YouTube da CENARIUM.

Pior do que não ver se concretizar o “sonho do Eldorado” em Silves com a chegada da Eneva, é presenciar a disparidade social entre a sede do grupo bilionário na cidade e as famílias de pais, filhos e netos vivendo de catar restos de lixo deixados próximo à empresa, sem qualquer perspectiva de serem beneficiados pela exploração de gás natural. É a ganância que faz vítimas nesta e nas próximas gerações e nos deixa totalmente incrédulos de que esse ciclo um dia vá terminar.

O assunto foi tema de capa e especial jornalístico da nova edição da REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA do mês de novembro de 2023. Acesse aqui para ler o conteúdo completo.

(Reprodução/Revista Cenarium)

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